De acordo com o IBGE, 24% da população do país (cerca de 50 milhões de brasileiros) têm alguma deficiência. E cada tipo de deficiência deflagra na sociedade comportamentos e diferentes formas de reações e preconceitos. Por conta da falta de conhecimento, muitos ainda encaram a deficiência como doença crônica, um peso ou um problema para famílias e sociedade. O estigma da deficiência é grave, transformando pessoas cegas, surdas e com deficiências mentais ou físicas em seres incapazes, indefesos, sem direitos, sempre deixados em segundo lugar na ordem das coisas.
No entanto, nos últimos tempos, a percepção sobre as pessoas com deficiência vem mudando gradativamente, com a ajuda, em grande parte, das redes sociais, de influenciadores, mas também, de uma vasta rede de informações disponíveis em sites, filmes, que fazem aflorar opiniões e debates sobre o tema. Mais recentemente, o combate ao capacitismo alcançou com mais força a TV aberta. A autora da novela “Travessia”, Glória Perez, teve a ideia de mostrar na Rede Globo, emissora de grande audiência e penetração em todo o país, o drama cotidiano de uma advogada cadeirante. Por meio do trabalho da atriz Tábata Contri, a novela vem expondo o sofrimento físico e emocional que milhões de brasileiros que têm limitações enfrentam Brasil afora.
A luta pela inclusão será também tema do enredo da escola de samba paulistana Camisa 12 no Carnaval 2023. Desenvolvido pelo carnavalesco Delmo Morais e pelo diretor artístico Claudio Cebola, o enredo tem como título: “Da Inclusão à Superação. Todos Somos Iguais. Sou um Campeão”. Como o próprio nome diz, esse é um projeto que vai levar superação e equidade para o sambódromo do Anhembi. A agremiação, oriunda da torcida organizada do Corinthians, será a penúltima a desfilar no sábado de carnaval, 11 de fevereiro.
Para o defensor público federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Sociais, é de extrema importância que a luta pela inclusão social ganhe cada vez mais espaços nas redes sociais, novelas, séries, filmes, podcasts, para a promoção de um debate mais amplo sobre o tema, levando maior conscientização às pessoas; além de cobrar mais iniciativas do poder público por soluções que facilitem o dia a dia dessa população. André Naves fez questão de elogiar a torcida corintiana por sua luta ativa pela inclusão social e por maior acessibilidade nos estádios de futebol.
“A torcida do Corínthians merece aplausos. Sempre na defesa da democracia e da inclusão social, mostra que o seu discurso é concreto e palpável. E a Escola de Samba Camisa 12, nascida na torcida corintiana, ao trazer um samba-enredo sobre inclusão social e paradesporto, reforça a importância da luta pela inclusão! Além dos impactos causados pelas limitações físicas ou psíquicas, a exclusão social de pessoa com deficiência traz consequências desastrosas. A falta de acessibilidade na mobilidade urbana, por exemplo, muitas vezes tira o ânimo de sair de casa porque a pessoa já prevê as dificuldades que enfrentará. Queremos ver mais atitudes como essa da escola Camisa 12, nas redes sociais, novelas, em toda a nossa sociedade”, declarou o defensor público.
André Naves ressalta que a estrutura de nossas cidades sempre inabilitou as pessoas com deficiência, discriminando-as e, de certa forma, privando-as de liberdade e qualidade de vida.
“Essas pessoas enfrentam uma série de dificuldades de atendimento em órgãos públicos, sem falar que são alvo constante de atitudes preconceituosas e ações negligentes, por parte de uma sociedade que não está preparada para receber as diferenças. Mostrar e falar sobre deficiência nas redes sociais, na tv, no cinema, no carnaval, ajuda muito o debate e a busca por mais inclusão”, finalizou Naves. Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada/Cristina Freitas