CAFEZINHO DO DIA A DIA. HERÓI OU VILÃO DA NOSSA PRODUTIVIDADE?

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CAFEZINHO DO DIA A DIA. HERÓI OU VILÃO DA NOSSA PRODUTIVIDADE?

Foto/Divulgação

O cafezinho, seja puro ou pingado, em copo de plástico ou em uma xícara, é um hábito muito comum entre os brasileiros. Ele é sempre muito bem-vindo a qualquer hora do dia, seja pra socializar, para se sentir mais disposto ou até mesmo porque faz parte da rotina mesmo. Mas será que esse hábito é tão inocente quanto parece? Será que ele pode afetar o nosso dia a dia e a nossa produtividade? Será que vivemos cansados e desmotivados por causa dele?

“A cafeína que está contida no café (também em energéticos, chás preto e mate, em alguns refrigerantes e suplementos pré-treinos de atividades físicas, por exemplo) é uma substância psicoativa e afeta diretamente o funcionamento de seu cérebro. De forma simplificada, ela age inibindo a recepção das moléculas de adenosina pelos receptores de nossos neurônios em nosso corpo, e, consequentemente, inibindo a indução natural ao sono”, explica o engenheiro e especialista em performance Carlos Ruggeri, do Instituto Sua Melhor Performance. Ele conta também que a substância também ativa nosso sistema dopaminérgico, ou seja, nossa disposição e motivação para realizar e fazer as coisas. Porém, quando o efeito da cafeína diminui, há o crash, ou seja, a adenosina é recepcionada pelos receptores neurais de forma potencializada, e a indução de nosso sono fica muito elevada. Além disso, seu nível do sistema dopaminérgico cai abaixo de seu nível basal, e seu ânimo fica muito reduzido. E não adianta tomar mais e mais cafezinhos, pois estes não serão suficientes para dar os mesmos níveis do primeiro, nem a nível de bloqueio da recepção da adenosina e nem do nosso sistema dopaminérgico. Ou seja, a cafeína em nosso corpo é dose dependente.  Por uma adaptação e tolerância de nosso cérebro, cada vez nós precisamos de mais doses de café para ter os mesmos resultados de estimulação de dopamina e inibição do sono.
Outro ponto importante é que a meia vida da cafeína em nosso corpo é de até 12 horas (depende de cada genética), ou seja, para algumas pessoas, após 12 horas da sua ingestão, ainda se tem 50% da cafeína presente em no corpo. Isso acontece devido a inibição da recepção da adenosina. E com cafeína em nosso corpo, nosso sono definitivamente não será reparador, mesmo que o sono aconteça por sete a oito horas – vale lembrar que o sono é o maior aliado de nossa saúde, juntamente com uma boa alimentação e exercícios físicos diários; portanto, uma ou sequentes noites mal dormidas por presença de cafeína no corpo implicam em dias com menos foco, mais susceptibilidade a distrações, mais irritabilidade e menos conexões empáticas com as pessoas ao redor, sejam familiares, amigos ou colegas de trabalho (e neste último caso, menos produtividade).

Mas, então, o cafezinho nosso de cada dia deve ser evitado ou eliminado de nossas rotinas? “Não é bem assim! O café tem inúmeras propriedades positivas. Além disso, ele é, para muitas pessoas, sinônimo de descontração e lazer. Afinal, quem nunca saiu para tomar um cafezinho na rua ou sentou em um sofá, depois de um dia cansativo, com uma xícara de café para pensar na vida ou esvaziar a mente momentaneamente? Sim, além da saúde física, a bebida em si (e aqui é válido dizer que não estou falando da cafeína em si nem da forma de preparo) tem um apelo social muito grande, que para muitos pode significar exatamente uma hora para si e/ou relaxar”, destaca Ruggeri.

Por que o café pode ser relaxante para alguns?

“Efetivamente a cafeína contida no café é estimulante, e não relaxante como por exemplo o álcool das bebidas. O relaxamento que algumas pessoas sentem quando tomam aquele cafezinho do dia a dia está muito mais associado ao momento de pausa, o momento de estar presente no sabor do café, aquela conversa com colegas ou amigos. Passado esse momento, o cérebro vai reagir ao estímulo da cafeína. Se não reagir é porque já há um vício e ele está adaptado, precisando de muito mais cafeína para ter o mesmo efeito que tinha antigamente”, conta Carlos Ruggeri.

O que ocorre se uma pessoa eliminar o hábito de tomar café?
“Ratifico que o café tem muitas qualidades e propriedades, e faz bem para o ser humano. O foco aqui é a cafeína e a produtividade, e como usar um hábito bom que é tomar café com moderação a favor da produtividade.
Deixar de tomar café para quem está habituado é similar a qualquer abstinência de um vício. Dependendo do indivíduo, pode sentir dor de cabeça, compulsão para um cafezinho ou até perda de foco, pois o cérebro está acostumado com os estímulos da cafeína. A ótima notícia é que passado alguns dias, o cérebro se adapta, caso deseje mudar de hábito”, responde o especialista do Instituto Sua Melhor Performance.
Então, afinal, como consumir o café de forma mais consciente e menos automática? Como desfrutar da bebida da melhor forma possível, como sua aliada e a favor da sua energia, disposição e produtividade? Carlos Ruggeri explica abaixo:
 – Faça uma dieta sem café pelo menos uma vez por semana. É a garantia de zerar a cafeína de seu corpo toda semana e auxiliar na regulação de seu cérebro à tolerância à cafeína;
– Evite o café após determinado horário, como, por exemplo, após o almoço, para poder desfrutar de uma noite de sono de qualidade;
– É sabido que o pico do estímulo da cafeína do café ocorre uma hora após a sua ingestão. Portanto, utilize essa informação para tomar seu café uma hora antes de, por exemplo, uma reunião importante, uma apresentação ou um momento que você queira estar focado;
– Saboreie o café descafeinado. Mesmo sabendo que café descafeinado não é zero cafeína, ele pode ser um substituto ideal para suas tardes e noites.
Fonte: Priscila Correia – Exclusiva – Agência de Conteúdo