COMO LIDAR COM A ANSIEDADE SOCIAL?

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COMO LIDAR COM A ANSIEDADE SOCIAL?

Marihá Lopes é psicóloga clínica, especialista em terapia cognitiva comportamental e Doutora em Psicologia Social. Foto/Divulgação : Raphael Feitoza

Assim como os sintomas do Covid-19 foram mudando conforme as novas variantes, a saúde mental da população também sofreu uma mudança expressiva. De início, falava-se sobre depressão e ansiedade, explicadas facilmente devido às perdas e incertezas vividas pelas pessoas. As coisas foram voltando ao normal e uma nova preocupação tomou conta: como voltar a me relacionar com os colegas de trabalho/faculdade/amigos? 

Esse sofrimento pode ser entendido como ansiedade social ou fobia social, a ideia nesse texto não é classificar ou dar um diagnóstico, e sim refletir sobre essa mudança vista entre os profissionais de saúde mental. Observei que, em meu site, até início do ano, a maioria das palavras-chave de busca era “transtorno de ansiedade”, “o que é transtorno de ansiedade” e “ansiedade generalizada”, mas, conforme o ano foi passando, as palavras-chave “fobia social” e “ansiedade social” foram aparecendo em números muito expressivos, chegando a ser os mais buscados. 

Mas afinal, o que é ansiedade social ou fobia social? A ansiedade social faz parte dos transtornos de ansiedade e pode estar em um pavor de se apresentar em público, no pânico em se expor a multidões, no medo de ir a festas, na aversão de participar de reuniões, na ansiedade de encontrar com pessoas desconhecidas em um barzinho, ou qualquer situação social do dia a dia. É comum a pessoa acreditar estar sempre sendo observado e que será criticado, logo é fácil escutar que deixaram de fazer algumas atividades, passando a fugir de situações sociais, acadêmicas e até de trabalho. 

Marihá Lopes é psicóloga clínica, especialista em terapia cognitiva comportamental e Doutora em Psicologia Social. Foto/Divulgação : Raphael Feitoza

Esse tipo de demanda aumentou no consultório e é compreensível, já que muitos voltaram a trabalhar presencialmente ou de forma híbrida. São pessoas que eram vistas como mais tímidas ou retraídas e até mesmo pessoas com o diagnóstico formalizado, mas que foram se expondo e conseguiram viver socialmente devido a essas exposições. Com o retorno das atividades, essas pessoas estão tendo dificuldades em voltar a socializar e participar de atividades sociais, principalmente no trabalho e escola/faculdade. 

O que fazer nesse tipo de situação? Entendemos que a ansiedade segue uma espiral que sobe, chegando ao ápice nas crises de ansiedade ou pânico. Para frear essa subida, o entendimento dos pensamentos disfuncionais, ou seja, aqueles que não nos fazem bem, é importante para identificar qual regra seu cérebro está elaborando para se manter nessa situação. É comum a pessoa em uma situação social sentir um aumento do batimento cardíaco, sudorese e tremor. Ela pensa que será avaliada negativamente e que terá consequências negativas, foca nos aspectos negativos de si mesma, confirmando sua crença de inadequação social.

O acompanhamento psicoterapêutico e/ou psiquiátrico ajuda na flexibilização dos pensamentos, aumenta o repertório de habilidades sociais, diminui os sintomas de ansiedade e possibilita que a pessoa possa retornar às suas atividades. Importante lembrar que, na verdade, as situações sociais são eventos geralmente inofensivos, então, caso tenha dificuldade de enfrentar sozinho, uma boa dica pode ser tentar modificar o foco de atenção, ao invés de valorizar todas as apresentações que julgou não ter ido bem. Tente colocar isso de lado e force lembrar de situações sociais que conseguiu vivenciar. O nosso cérebro foi desenvolvido para focar no que poderia dar errado. Isso fez com que nossos ancestrais pudessem permanecer vivos. Ainda carregamos essa estrutura, então é necessário um pouco de esforço de revisitar tudo o que já conseguimos realizar e vivenciar socialmente. 

Não deixe para procurar ajuda somente quando estiver totalmente paralisado. Quanto mais cedo iniciar um tratamento, mais rápido é a melhora. Cuide-se! 

Por: *Marihá Lopes é psicóloga clínica, especialista em terapia cognitiva comportamental e Doutora em Psicologia Social