5 MITOS E VERDADES SOBRE O USO DE DESCONGESTIONANTES NASAIS

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5 MITOS E VERDADES SOBRE O USO DE DESCONGESTIONANTES NASAIS

Foto/Divulgação

Produto deve ser usado apenas sob recomendação médica. Automedicação de gotas nasais pode causar dependência, prejudicar a respiração e a saúde do organismo

No outono e inverno, o clima fica mais frio e seco, o que pode afetar a mucosa nasal causando sintomas desconfortáveis, como o de nariz entupido. Para aliviar essa sensação, muitas pessoas recorrem aos descongestionantes nasais. 

A prática é motivo de alerta da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), pois o seu uso de forma indiscriminada pode trazer consequências à saúde, não só relacionados ao nariz e à função nasal, como problemas cardíacos, acidente vascular cerebral, trombose e até intoxicação. 

O presidente da Academia Brasileira de Rinologia (ABR) e membro da ABORL-CCF, Otavio Piltcher, explica que os descongestionantes nasais têm um efeito vasoconstritor, ou seja, reduzem o calibre dos vasos sanguíneos da mucosa que reveste as estruturas da parte interna do nariz, em especial dos cornetos nasais, que ao diminuírem de tamanho liberam espaço para a passagem de ar. Esse efeito mecânico rápido e passageiro, é referido pelos pacientes com um alívio momentâneo da sensação de entupimento nasal. 

“Após algumas horas, ocorre uma dilatação nos vasos desse revestimento nasal causando uma reação de aumento do tamanho dos cornetos para um volume maior do que antes do uso do medicamento e trazendo mais desconforto da obstrução nasal, um fenômeno conhecido como efeito rebote. Infelizmente, por falta de informação os pacientes passam a acreditar que a “gotinha” é quem está ajudando, quando na realidade esse medicamento passa a ser o principal causador do agravamento das queixas. Ou seja, a automedicação com descongestionantes nasais, seja com gotas nasais, sprays ou mesmo comprimidos, deve ser evitada”, alerta Piltcher. 

A seguir, o otorrinolaringologista da ABORL-CCF explica os principais mitos e verdades sobre o uso de descongestionantes nasais. 

– Pode atrapalhar o diagnóstico médico    
Verdade. O uso indiscriminado do produto pode mascarar o real problema dos sintomas de entupimento do nariz e outros desconfortos, podendo atrasar o diagnóstico efetivo e o correto tratamento, incluindo tanto medicamentos desnecessários como até procedimentos cirúrgicos que seriam evitáveis sem o uso dessas gotas vasoconstrictoras. 

“Muitas pessoas consideram que a causa do nariz entupido é o excesso de muco produzido na cavidade nasal. Mas não é. O nariz congestionado é um sintoma que, geralmente, está associado à rinite, sinusite, gripes e resfriados, por isso, é importante descobrir a origem do problema”, informa o Piltcher. 

– Vicia o organismo e causa rinite medicamentosa

Verdade. O descongestionante nasal possui efeito vasoconstritor e, quando usado por mais de cinco dias, está associado à cronificação dos sintomas e consequentemente perpetuação do uso das gotas em um círculo vicioso com muitos malefícios aos pacientes.

“Infelizmente além dos danos físicos já citados, acaba levando a uma dependência emocional que dificulta ainda mais a abordagem do profissional de Saúde para interrupção do uso”, explica o médico. 

– Pode causar problemas cardíacos e outros danos à saúde

Verdade. Estudos apontam que o uso excessivo aumenta o risco de desencadear problemas cardiovasculares, hipertensão arterial e trombose, que é a formação de um coágulo de sangue que bloqueia a circulação e causa inchaço e dor nas pernas. Além disso, também afeta o sistema nervoso central, aumentando o risco de AVC (acidente vascular cerebral), insônia e ansiedade. 

– Crianças estão proibidas de fazer uso da medicação

Mito. É possível utilizar esse medicamento em crianças a partir dos 4 anos em situações muito específicas e com rigorosa recomendação médica. Mas de forma geral, não se recomenda o uso na infância, pois a proporção da dose de tratamento é muito próxima à dosagem que pode gerar algum efeito negativo à saúde, por isso, o cuidado é redobrado. “Há um risco grande de intoxicação, por exemplo, levando a atendimentos de emergência e internações”, completa Piltcher. 

– Grávidas e lactantes não devem usar o produto

Verdade. Apesar das evidências científicas não serem definitivas, não se recomenda uso de vasoconstrictores nasais tópicos e sistêmicos (comprimidos) na gravidez, pois podem prejudicar o desenvolvimento do feto e interferir na qualidade do fluxo sanguíneo da placenta.

“É importante que as pessoas se conscientizem dos perigos que o uso do descongestionante nasal oferece à saúde, se usado de forma indiscriminada. A automedicação com gotas vasoconstrictoras nasais facilmente se torna um agravante do problema. Por isso, no caso da congestão nasal é necessário procurar seu médico otorrinolaringologista para fazer o diagnóstico e assim receber o tratamento seguro e personalizado à condição clínica do paciente”, finaliza o especialista da ABORL-CCF.

Sobre a ABORL-CCF

Com 75 anos de atuação entre Federação, Sociedade e Associação, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Médica Brasileira (AMB), promove o desenvolvimento da especialidade por meio de seus cursos, congressos, projetos de educação médica e intercâmbios científicos, entre outras entidades nacionais e internacionais. Busca também a defesa da especialidade e luta por melhores formas para uma remuneração justa em prol dos mais de 8.600 otorrinolaringologistas em todo o país.

Fonte: Cidiana Pellegrin e Ingrid Odete Mathias